É comum encontramos na sala de aula situações em que professores de
Língua Portuguesa apresentam poemas a seus alunos somente com um pretexto, ou
seja, buscando repassar algum aspecto gramatical que o poema possui como, por
exemplo, adjetivos e substantivos, entre outros.
Não raro, ainda encontramos livros didáticos que trazem atividades que
destroem a essência dos poemas, buscando identificar frases e respostas ipsis litteris, sem promover a reflexão temática
daqueles que o lêem, sendo que esta é uma prática necessária a quem deseja
atingir realmente o poema.
Assim utilizados, os poemas perdem o seu sentido, o seu motivo, pois são
destratados ao serem “colocados no mesmo saco” de qualquer outro texto. Sendo
um gênero textual, o poema possui suas características e propósitos específicos
que não são ocasionais, sendo que todos os seus elementos, melindrosamente
escolhidos, devem produzir sentido.
O poema deve ser tratado como poema, aquele texto literário que, ao
provocar sentimentos, estimula a reflexão e a análise, se concretiza em uma
interpretação crítica e resulta em aprendizado, não somente teórico, mas
principalmente, sentimental, o que ajudará a constituir seres com valores muito
mais humanos.
Essa ‘alfabetização humanista’ é um dos papéis da literatura e sem o devido
trabalho em sala de aula necessário à sua concretização, esse propósito se esmaece.
Por isso é que os poemas não devem ser “destratados” em sala de aula, eles devem
ganhar um espaço especial, já que trazem resultados peculiares; devem ser
alcançados na sua essência e não somente na superfície; devem fazer parte de um
cotidiano de leituras dinâmicas as quais farão os versos e estrofes ganharem
sentido e perderem o cunho monótono e chato.
É a forma de trabalhar o poema que fará a diferença na hora de colher
resultados. Não conseguiremos formar mentes pensantes e críticas ao meramente solicitarmos
para retirar os substantivos do ‘texto’. Não será possível motivar nossos
alunos se nós, professores, não nos motivarmos, primeiramente.
A sala de aula pode ser o lugar de explorar fortes emoções e ensinar a
partir delas e o professor é o responsável, sim, no momento de escolher,
analisar e trabalhar o poema. Apartir disso o aluno sentirá um cuidado especial
nele implícito e dará o devido valor. Mostra-se assim a importância dos valores
que o professor possui antes de repassar aos alunos, pois a alfabetização
humanista só é possível, justamente, por que parte de humanos e se destina a
humanos.
Texto escrito pela acadêmica e bolsista Raissa Gabrieli
Kaminski
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